O petróleo é a principal fonte de energia utilizada pela sociedade
moderna e é impossível negar que com a crescente exploração e produção do
petróleo houve também um aumento na poluição. Principalmente nos ambientes
aquáticos devido aos derramamentos de petróleo, que podem ocorrer a partir de
acidentes com navios de transporte e durante a perfuração e exploração de
poços.
Este óleo que se espalha pela superfície das águas e caminha à mercê das
correntes e ondas, acaba por sufocar milhares de organismos através da
impermeabilização da superfície do seu corpo. Um exemplo, são os animais
filtradores (mexilhões, por exemplo) ou as algas, que ficam impossibilitados de
realizar a troca gasosa ou de absorver nutrientes. Os desastres por
derramamento de petróleo sempre causam grandes impactos.Dependendo da
extensão do derramamento e da distância da costa ao local do acidente, não apenas
a fauna marinha pode ser afetada, mas a fauna e flora litorânea.
Graças a melhoria na segurança e nas medidas operacionais, o número de
acidentes de grandes proporções com navios-tanque, bem como as quantidades de
óleo derramado, tem declinado desde 1970. Entretanto , os acidentes com
navio-tanque, embora graves, constituem uma pequena parte do problema causado
pelos derramamentos.
Habitualmente o tráfego marinho origina poluição, e quando envolve os
hidrocarbonetos a maior parte se dá pelas descargas voluntárias de limpeza dos
tanques dos navios e também por acidentes.
Como foi definido pela OGX (2009, p.40):
Qualquer interferência do empreendimento sobre os meios físico, biótico
e socioeconômico é considerada um Impacto Ambiental, que, caso seja negativo,
precisa ser prevenido, minimizando ou controlado por meio de medidas
mitigadoras/ recomendadas.
O óleo proveniente dos vazamentos e derramamentos causa grandes impactos
negativos no meio ambiente, e isso tem grande envolvimento com as diferentes
formas que o petróleo tem de se comportar em contato com a água do mar.
As transformações sofridas pelo petróleo e seus refinados no ambiente
afetam, primeiramente, as características físicas do óleo (densidade,
viscosidade, ponto de escoamento, solubilidade etc.) sem alterações na natureza
química dos componentes. As principais transformações são:
Espalhamento: é a movimentação horizontal do petróleo na superfície da
água, aumentando gradativamente a área ocupada pelo óleo, consequentemente,
diminuindo sua espessura, durante os primeiros estágios do derramamento, é o
processo que mais afeta o comportamento do óleo;
Evaporação: Consiste no processo de perda para atmosfera dos compostos
mais voláteis, ou seja, compostos com baixo ponto de ebulição;
Dissolução: é o processo de solubilização das substâncias que compõe o
petróleo na água. A taxa de dissolução do óleo depende de sua composição, do
espalhamento da mancha, da taxa de dispersão, da temperatura e da turbulência
da água. Quanto mais leve o composto, maior o grau de dissolução na água;
Dispersão: é a quebra da superfície viscosa do óleo em inúmeras
gotículas suspensas na coluna d’água, facilita os processos de biodegradação e
sedimentação;
Emulsificação: é quando o óleo se agrega à água, formando uma emulsão
muito estável chamada de água-óleo ou de “mousse”, aumentando de duas a três
vezes o volume total de óleo remanescente no ambiente;
Sedimentação: é a decomposição de partículas de óleo que se agregam com
os sedimentos marinhos no fundo do mar. Pode ocorrer também sem agregação,
quando o óleo é muito denso;
Biodegradação: é a degradação do petróleo feita por microorganismos
marinhos.
Apesar de significativo, é um processo lento, influenciado pela
temperatura e pela disponibilidade de oxigênio e nutrientes, principalmente
nitrogênio e fósforo, no ambiente;
Oxidação: Neste processo as moléculas do hidrocarboneto reagem com o
oxigênio do ambiente formando compostos que tendem a ser mais solúveis e
tóxicos;
O comportamento do petróleo derramado depende de vários fatores como,
por exemplo, o volume de óleo derramado, a topografia do mar, as condições do
ambiente – vento, correntes, temperatura-, e outros. Alterando essas condições
com o óleo, o ecossistema será afetado, mudando as características de habitat,
alterando crescimento, fisiologia e comportamento de indivíduos ou populações.
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Consequências no Mar |
De acordo com as
pesquisas da OGX, considerando uma situação extrema - vazamento de 30 dias de
descontrole há uma taxa de 136m3 /dia-, os efeitos deste acidente seriam
percebidos: - Na modificação das propriedades da água do mar;
- Na perda de
microorganismos marinhos;
- Em morte de aves
marinhas; - Na contaminação das áreas de alimentação de tartarugas marinhas;
- Em perda de
larvas e de ovos, na interferência com o olfato, em mutações genéticas e
mortandade de peixes;
- Em mortes de
animais (corais, mexilhões, ouriços, etc.) que habitam costões rochosos e
outros ambientes costeiros.
Através de dados
experimentais feitos em laboratórios, comprovou-se que com a dissolução do
petróleo na água, substancias como o CO2 tornam o seu pH mais ácido. Como foi
descrito da Scientific American Brasil (2010, p.69):
Para algumas
espécies de fitoplâncton, a acidificação também dificulta a absorção de ferro,
um micronutriente vital ao crescimento. Pesquisadores da Princeton University
sugerem que o declínio de 0,3 unidade no pH poderia reduzir sua assimilação do
mineral entre 10 e 20%. Além de serem importante elo na cadeia alimentar, os
fitoplânctons produzem vastas quantidades do oxigênio que respiramos.
Dessa forma,
conclui-se que todo o ecossistema será afetado, uma vez que os fitoplânctons
são a base da cadeia alimentar em ambientes marinhos, e com a diminuição desses
indivíduos os níveis tróficos seguintes terão menos alimentos para sua
manutenção, gerando a morte de populações.
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Cadeia alimentar marinha. A morte do fitoplâncton afeta as demais populações |
A intoxicação dos
organismos pode ocorrer com a ingestão do hidrocarboneto, que pode ser
assimilado pelo corpo do animal. O contato com o óleo em animais de grande e
médio porte, como baleias e focas, causa lesões nas mucosas e no sistema
respiratório, podendo, em casos de ingestão de alimentos contaminados levá-los
a morte.
Através da
bioacumulação, peixes, crustáceos e moluscos que estão expostos a grandes
concentrações de óleo ou a concentrações moderadas por um longo período, podem
adquirir como resultado desta exposição, cheiro ou gosto de óleo e tornarem-se
sem interesse comercial.
A alta mortalidade
entre aves ocorre porque o óleo entope os vasos intersticiais, que são
responsáveis por manter a temperatura do corpo do animal, causando o aumento do
metabolismo e a diminuição das reservas de energia, matando a ave por
hipotermia. Além disso, as aves marinhas possuem um óleo natural que cobre o
corpo e as possibilita mergulhar no mar sem afundar e o contato com o
hidrocarboneto inibe o efeito dessa cobertura impossibilitando o mergulho.
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Ave suja de petróleo, inibição do óleo natural |
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